"Depois de vários anos a trabalhar na Polícia Judiciária, ao receber uma herança Xavier decide abandonar a carreira e tornar-se detective privado. A sua experiência revelara-lhe que a Justiça tem dois pesos e duas medidas e que interesses pouco claros impedem, a maior parte das vezes, a condenação dos culpados.
Um dia entra no seu escritório a mulher de um gerente bancário, humilhada pelo marido, pedidndo-lhe ajuda no sentido de conseguir um divórcio financeiramente vantajoso. O que inicialmente parecia constituir uma simples operação de rotina viria a transformar-se numa enorme missão solitária, acabando por envolver Xavier numa luta desigual, marcada pela protecção dos fracos e pela punição dos responsáveis pelo sofrimento humano.
Mas se todas as missões têm um fim em nome de uma "justiça natural", quem é que se consegue salvar?"
Gostei bastante deste livro. Escrito na primeira pessoa, em jeito de diário, descreve a vida e os crimes de um serial killer português. Para além da história, que nos prende desde o início, é verdadeiramente fascinante a forma como o autor descreve e caracteriza psicologicamente a ascensão e declínio de uma mente tão perturbada como a da personagem.
Xavier começa por ter uma vida simples, equilibrada (tanto quanto nos parece), apenas pautada pelos desafios da sua profissão pouco convencional: detective privado. Um dia, aceita o caso de Iva, uma mulher que o procura para conseguir um divórcio vantajoso. E é assim que Xavier inicia a sua missiva, a qual denomina de "Justiça Natural".
À medida que vai executando a "justiça natural" com o apoio das sua "Consciência" (nome que atribui à arma que utiliza) vai conquistando espaço e tempo na comunicação social, que lhe alimenta o ego ao designá-lo por "O Sniper".
A ascenção da sua loucura é muito bem descrita pelo autor, que optando pelo discurso na primeira pessoa consegue desenvolver no leitor uma empatia única com a personagem. Ao longo das páginas do "diário" de Xavier percorremos os caminhos de uma mente perturbada e solitária, e de um corpo que deixa de existir subjugando-se à vontade única de uma obsessão; assistimos ao declínio físico e psicológico da personagem, partilhando da sua alienação.
Brilhante!!!
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