sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"O Palestiniano" - Antonio Salas

Título: O Palestiniano
Autor: Antonio Salas
Tradutor: António Carlos Carvalho
Editora: Planeta
Edição: 1.ª Edição Novembro 2010
Páginas: 662


Sinopse:

"«... Tive sorte. Vladimir Ramírez marcou-me encontro muito perto da mesquita de Caracas, à qual ia todas as sextas-feiras para rezar. E em plena gravação fomos interrompidos pelo telefone. Era o irmão dele... Carlos, o Chacal. Passou-me o telefone para que eu o cumprimentasse, e a nossa primeira conversa começou em árabe... Mais tarde, depois do meu adestramento paramilitar, co contacto com a ETA e as FARC na Venezuela, e dos contactos com o Hizbullah no Líbano e com o Hamas na Palestina, o Chacal iria converter-se no meu mentor e iria ligar-me directamente todas as semanas para me dar instruções...»

Depois de seis anos infiltrado sob a identidade fictícia de Muhammad Abdallah em diversas organizações terroristas surge O Palestiniano, uma crónica surpreendente em que o conhecido jornalista de investigação Antonio Salas nos relata este tempo vivido até ao limite, para tentar revelar aos leitores o que existe de verdadeiro ou de falso nas aterradoras notícias que nos atingem todos os dias acerca da escalada da violência no mundo.

Espanha, Palestina, Israel, Marrocos, Tunísia, Síria, Mauritânia, Venezuela, Egipto, Suécia, Líbano... são os cenários desta investigação sem precedentes, tão valiosa que ultrapassa as fronteiras do papel. Antonio Salas desenhou uma revolucionária página web, de consulta complementar à leitura do livro, com material inédito que ajudará a compreender melhor o gigantesco puzzle do terrorismo internacional.

O Palestiniano é uma nova forma de entender o jornalismo de investigação"


Opinião:

Adoro Antonio Salas. Confesso que sou sua fã, da sua coragem, da sua humildade e até, de certa forma, da sua inocência (no sentido de que as suas investigações não têm segundas intenções, para além de conhecer e dar a conhecer a verdade).

Este é o terceiro livro do autor, e é o terceiro livro que leio. Tal como os outros dois, "Diário de um Skin" e "Um ano no tráfico de mulheres", "O Palestiniano" não é uma história bonita, apesar de em alguns momentos o autor nos conseguir arrancar um sorriso ou até um riso mais alargado, com a sua ironia ou golpes de "protecção de Allah".

Desde os checkpoints israelitas, às FARC, à ETA, ao Hamas ou ao Hizbullah, António Salas conta-nos uma verdade da qual só sabemos pequenas partes (ou nem isso!). O terror, o medo, o desespero, estão presentes ao longo das mais de seiscentas páginas que relatam seis anos de investigação.

É precisa muita coragem para que ao longo de seis anos se viva uma personagem criada, uma religião que nos era estranha, hábitos alimentares e de vida que são opostos ao que até aqui tínhamos. Se dúvidas existirem sobre a coragem de Antonio Salas, talvez o facto de se ter circunsisado para que a sua identidade fosse credível retire as dúvidas.

A crónica destes seis anos de infiltração nas redes de terrorismo mais temidas e ainda activas no nosso mundo actual é aterradora.

O Palestiniano é um livro obrigatório para se conhecer o mundo em que vivemos, onde o Oriente, o Islão e o Islamismo já não são assim tão distantes.

Mais uma vez o autor se expõe aos leitores, nas suas fraquezas e medos através das suas confissões, algumas delas que quase nos levam a querer confortá-lo de tão intensa é a sua vivência.

Podia estar aqui horas a escrever sobre este livro, mas termino apenas com o aleya do Sagrado Alcorão que está na contracapa do livro:
"Nenhum ser sabe com quem se vai deparar amanhã, 
nem ser algum sabe em que terra vai morrer..."
Sagrado Alcorão, 31, 34

Prós: Tudo. A escrita do autor, que se desenrola como se estivesse a conversar connosco numa tranquila espalanada. As vivências que nos transmite, os conhecimentos, a intensidade.

Contras: Neste livro apenas encontro um contra, que pode ter sido a garantia de sobrevivência do autor - a infiltração acaba sem um fim planeado. Mas no rumo que tomava, o fim podia ser fatal.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"A Morte Oportuna" - Jacques Pohier

Título: A Morte Oportuna

Autor: Jacques Pohier

Tradutor: Gemeniano Cascais Franco

Editora: Editorial Notícias

Edição: 1.ª Edição - Julho de 1999

Páginas: 320


Sinopse:

"Poderá haver uma "morte oportuna"? A morte não é sempre, por definição, inoportuna? Na sua advertência ao leitor, Jacques Pohier refere aqueles que, marcados por uma doença invencível, se encontram sujeitos a violentíssimos sofrimentos, chegando ao ponto de "deseehar que a morte ponha cobro às suas provocações". O objectivo deste livro é discutir o nosso próprio olhar sobre a morte, ou melhor, sobre uma vida que passou a considerar a morte, não como uma entidade exterior, mas sim como uma componente interior. O autor manifesta-se contra a dependência terapêutic ou contra as decisões sobre tratamentos tomadas por outros: segundo ele, cada um deve ter o direito de poder decidir a data e a forma da sua própria morte. Para que isso se torne possível, será necessário alterar a legislação vigente"



Opinião:

Um livro fantástico!!! Para quem gostar de er sobre estes assuntos, recomendo vivamente. O autor foi dominicano entre 1949 e 1989. Entre as suas obras destaca-se o livro "Quand je dis Dieu", livro que originou a sua exoneração da igreja católica. Depois de ser ver privado da sua licença de teólogo, trabalhou para a Associação para o Direito de Morrer com Dignidade, da qual foi secretário-geral e por fim presidente. É com base nessa sua experiência que surge este livro, uma profunda reflexão sobre o direito de cada um poder escolher o momento da sua morte. Não é uma apologia ao suicídio, mas antes uma defesa de uma vida digna, optando por uma morte consciente e "oportuna".

Um livro que fala da morte com um extremo carinho e respeito pela vida.

Um livro que apesar de ir ao encontro de muitas das ideias que professo, me fez reflectir de forma profunda sobre estas questões. Adorei!!!

Prós: O tema, muito bem desenvolvido, sem juízos de valor ou moralidades. A seriedade e respeito com que o tema é abordado.

Contras: Não é bem um contra, pois sabemos que o autor se baseia na sua vivência, mas as partes em que a legislação é analisada pode tornar-se mais abstrato por não ser a nossa realidade legislativa.

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