domingo, 27 de julho de 2008

"Maddie - AVerdade da Mentira" - Gonçalo Amaral

O livro de Gonçalo Amaral, cujo lançamento foi na passada sexta-feira, dia 25, promete ser polémico pelas questões que coloca. Já o li, e deixo aqui a minha impressão.

Confesso que nada do que está escrito no livro me surpreende, mas talvez isso se deva ao facto de nunca ter sido convencida pelos pais da criança. Desde o início que a tese de rapto não me convence, assim como não me convence uma mãe que num curto período de férias, num país estrangeiro, prefere deixar os seus filhos numa creche enquanto corre pela praia ou joga ténis, mas que após o desaparecimento de um deles faz questão de andar agarrada ao seu boneco preferido.

Muitos foram aqueles que me chamaram de fria, por não me comover com as lágrimas ou "esforços" desenvolvidos pelo casal McCann, na busca da sua filha desaparecida. Muitos são aqueles que, agora, sentem os seus sentimentos usados.

Surpreendida fiquei, com o movimento cívico que se gerou em redor deste acontecimento. Tantas crianças desaparecidas em Portugal e nunca se tinha assistido a uma mobilização como aquela que este caso gerou. Ingleses houve, que se despediram dos seus empregos e vieram para Portugal, em busca da criança desaparecida. Os portugueses choraram e sentiram a perda daquela criança como se sua fosse.

Na realidade, este caso prova, que com jeito e saber, a comunicação social consegue mesmo mover massas. Aliás, um dos grandes problemas desta investigação foi mesmo a comunicação social, paralelamente às pressões políticas (que não afirmo existirem, mas acredito que sim!). A comunicação social contaminou toda a investigação, não permitindo à PJ algumas diligências importantes. É claro que perguntamos: " Mas a Polícia Judiciária anda a mandado da comunicação social? Não foram feitas diligências importantes por causa da comunicação social?". Por muito que nos custe aceitar, essa é a realidade, pois existem procedimentos forenses que fazem sentido desde que existam condições para tal. Alguns dos procedimentos poderiam indiciar suspeitas que não deveriam ser do conhecimento alheio, mas apenas dos envolvidos na investigação: polícias, investigadores e suspeitos. Mas todos nós sabemos que os repórteres na altura, até seriam capazes de se disfarçar de pedras da calçada para conseguirem uma imagem desfocada de qualquer coisa que depois seria comentada da forma mais mediática possível, de preferência com um directo, nem que este tivesse apenas como fundo uma porta fechada.

Não estou aqui a condenar a comunicação social pelo espectáculo criado; se culpados há, não seram com certeza os repórteres a quem acenaram com uma mina de notícias. Apenas considero que se deveria ter tido bom senso, parar e pensar . Pensar que muita coisa poderia estar em jogo, que se estava no seio de uma investigação criminal, que uma criança tinha desaparecido sem deixar rasto, que era importante deixar quem sabe apurar a verdade... Teria sido importante refrear os ânimos, pensar com a cabeça e não com o coração. Em casos como este devemos ser racionais e não emotivos, tais como foram aqueles que fizeram desaparecer a criança.

Em relação ao livro, gostei da forma como está escrito: relata a investigação, as suas dificuldades, as dúvidas surgidas e as perguntas que ficaram sem resposta. Ficamos a conhecer as contradições, as pistas, os testemunhos, os resultados a que chegou a equipa de investigação que me parece ter sido incómoda para alguns. Os resultados foram os seguintes:

  1. " A menor Madeleine McCann morreu no apartamento 5A do Ocean Club, da Vila da Luz, na noite de 3 de Maio de 2007;
  2. Ocorreu uma simulação de rapto;
  3. Kate Healy e Gerald McCann são suspeitos de envolvimento na acultação do cadáver da sua filha;
  4. A morte poderá ter sobrevindo em resultado de um trágico acidente;
  5. Existem indícios de negligência na guarda e segurança dos filhos."

Incómodo foi também o Coordenador Operacional da investigação, afastado da mesma a 2 de Outubro de 2007. Porquê? Porque pessoas de convicções tornam-se incómodas quando "valores" mais altos se fazem ouvir.

Parafraseando Gonçalo Amaral: "Uma investigação criminal apenas se compromete com a busca da verdade material. Não se deve preocupar com o politicamente correcto".

Fiquei com a sensação de que Gonçalo Amaral não escreve tudo o que sabe, mas o que escreve é suficiente. E por vezes não devemos ir além do suficiente...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"O Homem da Carbonária" - Carlos Ademar

"Lisboa, ano de 1926. Certa Manhã, um ardina de O Século encontrou no Jardim da Estrela o corpo do chefe da segurança do Presidente do Conselho. Tal como o líder do Governo, também o seu guarda-costas era membro da sociedade secreta Carbonária Portuguesa.

Afonso Pratas, o veterano chefe da Polícia de Investigação Criminal, tomouem mâos a resolução de um dos seus mais intrincados casos. O assunto era melindroso e as hipóteses demasiadas: Um banal assalto com consequências inesperadas? Uma questão passional envolvendo a bela mulher do chefe de gabinete? Ambições pessoais de camaradas de armas? Vinganças políticas perpetradas pelos integralistas? Uma complexa questão de Estado?"

O Homem da Carbonária é um livro fascinante, quer pelo enredo policial, quer pelo documento histórico que é. Enquanto se desenvolve a história policial de investigação do assassinato de Peres, o autor vai-nos conduzindo numa viagem histórica a um Portugal revolucionário, de intrigas e conspirações, sociedades secretas e ambições. Portugal saído de uma Monarquia e que procura os caminhos da República sob a sombra da ditadura que espreita.

Quando o corpo de Peres, chefe da segurança do Presidente do Conselho, é encontado no Jardim da Estrela, Afonso Pratas está longe de saber que iniciou uma investigação complexa e com revelações surpreendentes.

Ao longo da narrativa vão surgindo temas que o autor explica no final do livro, em jeito de Glossário, mas que bem poderiam ser notas de rodapé, e que se revestem de crucial importância para a compreensão do contexto histórico, social, político e cultural em que se desenrola a acção.

Mais uma vez, um autor português que deve ser lido.

domingo, 20 de julho de 2008

Taxa dos CTT para envio de livros

Já tinha ouvido falar de uma taxa especial para o envio de livros via CTT, mas nunca a tinha utilizado. Também já tinha pesquisado no site dos CTT, mas nada encontrei.
Na passada quarta-feira dirigi-me a uma estação dos Correios para enviar um livro, e decidi dizer que queria fazer o envio com a "taxa de livro". Prontamente, fui informada que para tal teria de utilizar um envelope que se pudesse abrir para verificação postal e que teria de escrever no mesmo o seguinte: "Contém Livro. Pode abrir-se para verificação postal". Assim, adquiri um envelope almofadado com uma banda plastificada para colar de forma a que se possa abrir e lá expedi o livro, com uma taxa especial.
O custo? €0,96 pelo envelope e €0,17 de taxa de envio (total = €1,13).
Deixo aqui a informação para quem queira enviar livros pelos Correios e não ter de pagar muito. Afinal os serviços existem, o problema é que não são divulgados - vá-se lá saber porquê!!!

sábado, 12 de julho de 2008

"A Vingança de Olhos Negros" - Lisa Gardner

Sinopse da contra-capa:

"O agente especial do FBI Pierce Quincy é perseguido pela morte da filha. O relatório oficial concluiu que Amanda conduzia embriagada quando perdeu o controlo do carro. Pierce estava a par do problema da filha com o álcool. Tal como o homem que a matou.

Este assassino é diferente. Tem uma fome insaciável de vingança. Não se contenta em tirar a vida às vítimas... quer entrar-lhes nas mentes e despojá-las de todas as defesas. O seu alvo não constitui segredo: a única filha sobrevivente de Quincy."

O agente do FBI Pierce Quincy nunca acreditou na tese de acidente que justificava a morte da sua filha mais velha. Para tentar descobrir a verdade pede ajuda à sua amiga Lorraine - "Rainie" - que é detective particular. A investigação envolve-se de muitos mistérios e conduz Rainie na pista de um assassino, pista que ganha reforços quando a ex-mulher de Quincy é barbaramente assassinada. Quincy é envolvido numa teia de vingança, que leva ao seu afastamento profissional para proteger a sua filha mais nova, Kimberly.

Quem é este assassino, que actua com calma, premeditação e frieza únicas? Será colega do FBI? Será um dos psicopatas que Quincy

Uma história de suspense, onde todos podem ser culpados, onde todos desconfiam até de si próprios.
Para quem gosta de thrillers policiais este é um bom livro, numa linguagem simples, mas com um bom enredo.

Autores portugueses na Internet



O grupo editorial Leya, em parceria com o portal Google, irá disponibilizar excertos de obras de autores portugueses para leitura na internet. Desta forma, a LEYA pretende colocar para consulta e leitura mais de mil títulos até ao final do ano, todos de autores portugueses.


Considero esta iniciativa excelente, pois dá visibilidade ao que se escreve por este país e assim, quando clicar aqui, já poderei ter acesso a autores portugueses. Esperemos é que o grupo LEYA tenha em conta os diferentes gostos de cada um, e não se limite aos "nomes fortes" do grupo, como por exemplo José Saramago ou António Lobo Antunes.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Encontro com António Andrade Albuquerque

Ontem conheci o escritor que tanto admiro: António Andrade Albuquerque, ou de quiserem, o Dick Haskins. É verdade!

Adorei! O António Albuquerque uma pessoa espectacular, divertida, bem disposta, extremamente agradável, que me propiciou (e ao meu marido) um belíssimo dia de férias, na sua companhia e do seu filho, também muito simpático.

Começámos com um passeio pela bela costa Oeste, pelo meio tivémos um excelente jantar com música ao vivo (a picanha estava mesmo muito boa, e o pudim de leite condensado... hummmmm!!!...) e terminámos num bar de praia.

Rimos muito, falámos de assuntos mais sérios, trocámos impressões sobre o estado actual do mundo editorial, mas acima de tudo, partilhámos bons momentos.

E terminei a noite com um sorriso de felicidade nos lábios, e a sentir-me uma privilegiada por ter conhecido uma pessoa tão espectacular.

Obrigado António, por tudo!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"Príncipe de Fogo" - Daniel Silva

Há 13 anos, Gabriel viu a sua vida destruída. Cumprindo ordens de Arafat, um homem colocou uma bomba no carro onde iam viajar a sua mulher e o seu filho... o filho morreu, a mulher deixou de existir, apesar de se manter viva.

Gabriel, restaurador de arte, tem agora pela frente mais uma missão em prol do Gabinete. Após um atentado em Roma, Israel acredita que mais se seguirão, pela Europa, e cabe a Gabriel descobrir onde será o próximo a fim de o evitar.

Mas essa procura vai-se tornar pessoal. O homem que planeia os atentados é o mesmo que destruiu a família de Gabriel. Khaled é o seu verdadeiro nome... mas sob que disfarce actuará ele na Europa?

Numa verdadeira caça ao homem, viajamos por Roma, Londres, Veneza, Telavive, Jerusalém, Cairo, Marselha, Surrey, Martigues, Troyes, Paris, Fiumicino, Tel Meggido, Tiberíades e terminamos em Aix-au-Provence.
Um livro que nos dá a conhecer a história de um conflito real e tão actual como é o conflito entre Israel e Palestina, enquanto relata a procura de Khaled, o homem a quem Arafat chama filho.



Só é pena que as revisões dos textos finais sejam tão descuidadas (isto partindo do princípio que existem!). É que não há nada mais desagradável do que ler um livro onde se encontram erros gramaticais (artigos no masculino e adjectivos ou nomes no feminino, ou vice-versa), erros de português (cacimbo em vez de cachimbo) ou, até mesmo um nome que se altera (alguém que se chama Navor numa linha, chama-se Navot três linhas abaixo)



É lamentável esta falta de rigor!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Estantes Originais

Preciso de comprar mais umas estantes para arrumar todos os meus livros. Enquanto retirava ideias da net, descobri alguns modelos bem originais. Vejam só:







Estes dois modelos são os meus preferidos. Fiquei apaixonada!




quarta-feira, 2 de julho de 2008

Leituras Interrompidas

Existe algum livro que não tenham conseguido acabar de ler?

Têm algum autor que não consigam ler?

Eu confesso que não consigo acabar "O Evangelho segundo Jesus Cristo", de José Saramago. E apesar de já ter tentado, não consigo ler os livros da Margarida Rebelo Pinto ou da Danielle Steel (não é preconceito nem nada contra as senhoras, é apenas um estilo que não me diz nada)

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