quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Salvador Dali

Salvador Dali nasceu a 11 de Maio de 1904, em Figueras, uma pequena cidade da província de Gerona. Desde o seu nascimento que a morte é uma presença na sua vida e, mais tarde, na sua obra: Salvador recebe o nome de um irmão que morrera prematuramente poucos anos antes do seu nascimento. Para além de receber doses extremosas de afecto dos seus pais, o que contribui para a sua personalidade excêntrica e egocêntrica, também Salvador Dali se vê como o fantasma do irmão falecido.


Muito cedo, com apenas 10 anos de idade, Dali decide que quer ser pintor. A sua origem catalã e a sua infância influênciam a sua pintura, onde, desde as primeiras obras , em quase todos os seus quadros, se vê como pano de fundo as paisagens rochosas da costa catalã.
Também a metáfora gastronómica, as noções alimentícias e o canibalismo são das constantes mais significativas da obra e pensamento daliniano. O comestível assume-se como representante do mortal: tudo o que se come é susceptível de putrefacção e antecipação da morte (muitas vezes representado pelas formigas nos seus quadros), ao mesmo tempo que cozinhar significa metamorfose, transformação do duro em mole. Assim, comer pode ser incorporar, apreender o que é alheio, numa metáfora paranóica do conhecimento.


Canibalismo de Outono (1936 - 1937)


Esta obra relaciona o comer à morte, através de um macabro banquete. Todos os pormenores são retratados, desde os utensílios aos diversos alimentos. A violência da cena é suavizada pelos tons outonais.

Outro tema frequente na obra de Dali, são as gavetas. Dalí inspira-se nas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud para pintar os seus célebres quadros "O Contador Antropomórfico" (1936), "Girafa em Chamas" (1936 - 1937) ou "Espanha" (1938). Segundo Salvador Dali, "A única diferença entre a Grécia imortal e a época contemporânea é Freud, que descobriu que o corpo humano, que era puramente neoplatónico na época dos Gregos, está hoje cheio de gavetas secretas que só a psicanálise é capaz de abrir."

O Contador Antropomórfico (1936)

Neste quadro, a figura encontra-se com a cabeça debruçada sobre as suas próprias gavetas, numa alegoria psicanalítica da tendência para aspirarmos o odor narcísico das nossas próprias gavetas.


Espanha (1938)

Uma gaveta pode abrir-se para deixar sair os odores nauseabundos da guerra, numa alusão aos horrores da Geuerra Civil Espanhola.

Este quadro conduz-nos a um outro tema nobre de Dali - as imagens duplas, anamorfoses ou imagens distorcidas que só são visíveis quando se observa o quadro de determinado ponto de vista. Trata-se de um dos exemplos mais evidentes do método paranóico-crítico. É como se existissem dois quadros num só, originando uma terceira dimensão. Nestas obras, Dali revela a inapreensível relatividade do mundo das imagens.

No quadro acima reproduzido "Espanha" dois cavaleiros num duelo à lança formam os peitos da mulher, cuja cabeça é formada por um grupo de pessoas num violento combate.


O Enigma sem Fim (1938)


De acordo com a atenção fixada numa parte ou outra do quadro, pode ver-se o busto de Freud, uma natureza morta, um homem reclinado, um galgo,...


Dois outros elementos constantes na obra de Dali são as muletas e a criança com o arco, que aparecem juntas este quadro.


O Espectro do Sex-Appeal (1934)

A criança representa Dali, testemunha infantil das suas próprias visões, enquanto que as muletas têm duas interpretações - fazem a ligação entre o surreal, o imaginário, o paranóico e o real (estando enterradas no solo, suportando as imagens) ou por vezes representam a sublimação da ideia de impotência, a dualidade entre o duro e o mole tâo característica de toda a obra deste artista.

O Grande Paranóico (1936)

As várias pessoas do quadro formam um rosto.

Muito mais há a dizer sobre a vasta obra de Salvador Dali... talvez num outro post...

domingo, 4 de novembro de 2007

Desafio

Vi no blogue do Alquimista este desafio e decidi aceitar:

1. Pegue num livro.
2. Abra na página 161.
3. Procure a 5ª frase completa na referida página.
4. Transcrever a frase no blogue. Tal como identificar o livro, o(a) autor(a) do mesmo.
5. Passar o desafio a cinco bloggers.

"Ana de Áustria baixou a cabeça, deixou esgotar a torrente sem responder, esperando que ele, depois de cansado, se calasse; mas não era isso o que queria Luís XIII; Luís XIII queria uma discussão de onde obtivesse qualquer esclarecimento; tal era a convicção que tinha de que o Cardeal ocultava alguma segunda ideia e lhe maquinava uma dessas surpresas terríveis, daquelas que Sua Eminência sabia preparar."

("Os Três Mosqueteiros" - Alexandre Dumas)

Se alguém quiser, que agarre este desafio...

sábado, 3 de novembro de 2007

O meu professor de Filosofia

Há pessoas que ao longo das nossas vidas nos vão marcando de forma decisiva. Para mim, uma dessas pessoas foi o meu primeiro professor de Filosofia.

A forma apaixonada com que fazia o seu trabalho, a dedicação com que dava as aulas, sempre foram, para mim, um modelo a seguir.

Aquele homem conseguia dar as suas aulas porque nos dava o que nós queríamos: uma nova realidade, novas formas de questionar o que nos era apresentado como verdade, sentido crítico. Nas suas aulas, aquele grupo de jovens vestidos de preto, com correntes à cintura, cruzes e caveiras, fazia-se ouvir, podia expor as suas ideias tantas vezes apelidadas de anárquicas. E em resposta, lá vinha mais um autor e as suas ideias, umas vezes concordantes, outras nem por isso, mas sempre a aprendermos que até para defendermos aquilo em que acreditamos é importante conhecer o contraditório.

Foi nas suas aulas que conheci Freud, Nietzsche, Einstein, Salvador Dali, as teorias do Caos, da Relatividade, o Big Bang, o Surrealismo, o Niilismo,...

Quantas vezes foram as letras das músicas que ouvíamos o mote para uma qualquer matéria... Numa idade em que queremos mudar o Mundo, um professor mostrou-me que isso é possível: se todos mudar-mos e melhorar-mos o nosso Mundo, o Mundo de todos é mudado e melhorado.

Ainda hoje, quase 19 anos passados (tenho agora a idade que o professor tinha naquela altura), lembro o Professor Álvaro Daniel Formigo Nunes, como um dos grandes mestres da minha vida.

E aqui fica uma música que esse professor assobiava enquanto nós fazíamos os testes.
http://www.youtube.com/watch?v=kPp_0sOZr4E

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