sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"O Bom Nome" - Jhumpa Lahiri

"O Bom Nome" é um livro sobre a vida de uma família indiana nos Estados Unidos da América. Ashima Ganguli, uma jovem indiana de 19 anos, conheceu aquele que seria o seu marido, num encontro proporcionado pelos seus pais. Só depois do pedido de casamento é que ficou a saber o nome do seu noivo - Ashoke.

Ashoke é professor universitário e após o seu casamento partem para os Estados Unidos da América, onde Ashima assume o papel de mulher dedicada, onde aprende a conhecer e a amaro seu marido e onde vai ser mãe.

Aquando o nascimento do primeiro filho do casal, estes aguardam uma carta de familiares que contém o nome da criança - o seu Bom Nome - seguindo a tradição cultural indiana. No entanto, a carta teima em não chegar e os pais decidem atribuir ao rapaz uma alcunha familiar (outro costume indiano), nome pelo qual será tratado no seio familiar e pelos amigos. O nome escolhido é Gogol, em homenagem ao escritor russo Nikolai Gogol, com o qual Ashoke tem uma forte relação, enquanto leitor, devido a uma vivência traumática da sua vida.

A carta com o Bom Nome de Gogol nunca chega e os seus pais são confrontados com situações diárias nas quais têm de colocar o nome do filho e assim a alcunha familiar passa a ser o nome oficial - Gogol Ganguli.

Com a entrada de Gogol para a escola, os pais decidem que ele tem de ter, definitivamente, um Bom Nome, e escolhem Nikhil. No entanto, o filho, habituado a ser chamado de Gogol, recusa o novo nome e assim Gogol assume-se como o seu único nome.

Gogol cresce e torna-se num jovem algo introvertido, que rejeita as tradições indianas que os pais teimam em manter, tais como os saris da mãe, as festas e os amigos indianos dos pais. Considera tudo patético, até o seu nome. E é nessa sua fase de rejeição das origens culturais da família que decide mudar de nome, assumindo-se definitivamente Nikhil.

O livro conta de uma forma muito agradável a vida deste jovem, e da sua família, num país estranho para os seus pais, mas que é o seu país, onde tem de crescer numa duplicidade de culturas, rituais, tradições e costumes. É a história de Gogol, que apesar de amar a sua família, se sente sufocado por ela e pela sua história, procurando encontrar-se. Esta busca de si próprio leva-o a fases em que quase rejeita a sua origem, sentindo vergonha da família que se mantém fiel as suas raízes.

Vai ser nas relações amorosas que estabelece e, principalmente, com a morte inesperada do pai, que Gogol vai crescendo, ora negando, ora aproximando-se da sua origem, acabando por se encontrar na leitura de um livro, há muito esquecido, um presente de seu pai.

É uma história plena de emoções e sentimentos, mas que o consegue ser de uma forma realista e não lamechas ou "cor-de-rosa". Faz pensar em quem somos, nas nossas raízes e que, apesar de indivíduos únicos, tranportamos connosco uma herança muito maior que um código genético - transportamos cultura, tradições, costumes, aprendizagens do que somos, que não podemos negar.

Gostei.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"O Romance de Genji" - Murasaki Shikibu

Hoje tive uma surpresa: o meu marido ofereceu-me este livro.
Este é o primeiro volume de "O Romance de Genji", um clássico da literatura japonesa. São 33 capítulos, 838 páginas, que me parecem fascinantes.


Na introdução pode-se ler:


"O tema central do enredo é a luta de Genji, um resplandecente príncipe, filho do imperador, para recuperar os direitos derivados do seu nascimento, mas são as aventuras amorosas do herói o principal fio condutor da novela. Numa sociedade em que a poligamia era uma prática comum entre os homens de condição elevada, Genji ora seduz, ora se deixa seduzir, sem nunca se deter diante das contrariedades ou das intrigas palacianas, a ponto do seu destino parecer sucessivamente traçado por um único e grande vício: uma paixão excessiva pelas mulheres. Mas as suas indecisões e contradições, todas as conquistas irresponsáveis, infidelidades e traições não fazem dele, como notou e bem Harold Bloom, um Don Juan ou um Casanova. O universo de Genji é orquestrado por relações que desafiam a maior parte das concepções ocidentais sobre o amor, o casamento, o erotismo, a paixão e o desejo, compondo uma obra que é também a descrição minuciosa de uma época e de uma cultura, temporal e geograficamente distantes."


Quando o ler darei a minha opinião.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

"Estranha Forma de Vida" - Carlos Ademar

" Numa noite fria de Outubro o porteiro da discoteca Pomme Rouge é assassinado quando se dirige para o emprego. Os autores do crime são membros de um grupo violento que disputa a liderança da segurança dos espaços de diversão nocturna lisboeta. Agridem, roubam, sequestram, torturam, ganham poder e, principalmente, muito dinheiro.


Quando o inspector Alves da Polícia Judiciária começa a investigar estava longe de imaginar que o caso envolvia alguns políticos que trocam a dignidade por muito pouco, que um traficante de armas enriquecia vertiginosamente ou que um advogado deambulava pelos bares homossexuais da cidade promovendo as «festas brancas» ou o «quarto escuro».


Ao mesmo tempo, raparigas chegam da sua terra natal, percorrendo milhares de quilómetros para se despir num palco e vender o corpo, enquanto membros da máfia russa desaparecem misteriosamente. A cada momento as autoridades policiais estão prontas a deitar a mão a quem desafia a autoridade do Estado. Mas estará a Justiça preparada para combater uma criminalidade violenta e organizada? Não terá a própria Justiça uma estranha forma de vida?"


Este é o terceiro livro do autor, Carlor Ademar, que leio e mais uma vez, a terceira, gostei muito. Conta a história de Alberto Lima, um rapaz pequeno agredido pelos colegas que se transforma no homem mais temível das noites lisboetas. Ex-operacional da PSP, Alberto Lima está ligado a tudo o que é ilegal: tráfico de droga, tráfico de mulheres, tráfico de armas, corrupção, tráfico de influências, suborno, sequestros, torturas, assaltos, ...


Uma história que nos mostra um lado desconhecido da cidade, que apesar de o autor alertar para o facto de que todos os acontecimentos e personagens do seu livro são fruto da sua imaginação, ficamos com a clara impressão de que são muito mais que isso.


É um livro arrepiante por aquilo que conta e pelo final, frio e realista, que demonstra que nem sempre a Justiça faz honra ao seu nome.
Um livro que nos faz pensar e nos arrepia pelo realismo com que narra a crueldade esta "Estranha forma de Vida".


Recomendo vivamente.

sábado, 13 de setembro de 2008

Manuel de Oliveira em Serralves


Desde Julho que decorre no Museu de Serralves, uma exposição dedicada a Manuel de Oliveira e amanhã terá início o ciclo de cinema do cineasta. Será que é desta vez que consigo rever alguns dos filmes de Manuel de Oliveira, como "O Convento" , "Vale Abraão" ou "Francisca"? Espero que sim.


Confesso que ainda não fui ver a exposição porque quero fazê-lo no dia 5 de Outubro,às 18h30, na visita guiada por Luís Miguel Cintra.


Aqui fica o link para a página do Museu de Serralves:

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O blogue "Jornal a Dias" mudou de instalações para "Vôo das Palavras".

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

"A mulher da minha vida" - António Garcia Barreto

"A mulher da minha vida" é um romance brilhante. Adorei! Uma escrita simples mas cuidada e uma história envolvente são os ingredientes principais desta obra. E, confesso, adoro a capa!

Eneias Trindade é polícia de investigação criminal, na Lisboa dos anos 30, onde despertam os temores das perseguições políticas e da Polícia de Informação.
Aos 35 anos, é um homem solitário, que apesar da relação que mantém com Gina, funcionária dos Armazéns do Chiado, continua apaixonado por Rosarinho, "a mulher da sua vida". É um polícia dedicado, de fortes convicções e com um elevado sentido de justiça e rectidão, que não se vende aos interesses alheios.

A sua forte personalidade vai contrastar com os interesses do seu chefe, o inspector Semedo, quando lhe é entregue o caso da queda de um aeroplano em Sintra. À medida que avança na investigação, vai descobrindo indícios que o levam no caminho do crime e não de um acidente. No entanto, o mesmo chefe que lhe distribuiu o caso, ordena-lhe para que pare com as investigações, ordem a que Eneias Trindade não obedece. Como consequência vê-se perseguido, os seus amigos e familiares são incomodados pela Polícia de Informação, acabando por se demitir da Polícia evitando ser "transferido" para África. Inicia então, uma nova fase da sua vida, começando a trabalhar como detective privado, e podendo assim, dar continuidade às suas investigações sobre o caso do aeroplano.

Será que a sua persistência dará frutos? Poderá a mulher da sua vida alguma vez voltar?
Considero que a personagem de Eneias Trindade está muito bem conseguida, tendo força suficiente para dar continuidade às suas histórias, noutros romances.

Ao autor, António Garcia Barreto, dou os meus parabéns pela obra, que não me desiludiu, bem pelo contrário!

Deixo aqui a sinopse deste livro:

"Eneias Trindade, chefe de brigada da Polícia Criminal, é nomeado para investigar as causas da queda de um aeroplano numas arribas a norte das Azenhas do Mar. Um caso que irá mudar para sempre a sua vida.

Após um artigo do Repórter X, no Heraldo de Lisboa, que levantava suspeitas sobre a queda do avião, o que parecia ser um acidente aeronáutco sem história acaba por se tornar um complicado caso de polícia.

Decidido a descobrir a verdade, Eneias Trindade vê-se envolvido em perigosos jogos de poder e perseguições políticas, manobradas pela hierarquia da Polícia. Após várias tentativas de se silenciar o caso, Eneias passa por uma série de atribulações que o levam a demitir-se da Polícia. Decide mudar de vida tornando-se detective privado. Mas não se afasta do mistério que envolve a queda do avião e da esperança de reencontrar o grande amor da sua vida.

O retrato de uma Lisboa popular e boémia à beira de se tornar uma cidade dominada pelo medo. A instalação da ditadura, as pereguições políticas e o conservadorismo de sacristia mudam as cores da capital.

Um mistério por resolver, um amor perdido e a mudança de vida de um homem num período de transição política da nossa História.

Haverá lugar para um final feliz?"

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Mais duas "baixas" na lista de Livros a comprar

Recebi hoje, mais dois livros que estavam na lista de livros a comprar (já estavam encomendados no Círculo de Leitores desde Julho, mas com as férias eu e o "meu" vendedor desencontrámo-nos). Mas cá estão eles.

"O Clube de Macau" é o terceiro romance de Pedro Rosado, escritor e jornalista português, do qual já li (e tenho) "Ulianov e o Diabo" e "Crimes Solitários". Inspirado pelo processo Casa Pia, despertou o meu interesse. Depois conto como foi a sua leitura.




"A Dançarina do Templo" é um romance que tem como personagens centrais uma dama portuguesa e um capitão indiano, muçulmano, na Goa do século XVII. Gostei do que li sobre o livro e do primeiro capítulo, publicado no site do Círculo de Leitores. E como sou apaixonado pelo Oriente, pelo exotismo indiano, pelos saris, pelas cores e sabores das especiarias, pareceu-me uma leitura à minha medida. Vamos ver, ou melhor, vamos ler!


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