Este é o título do Editorial do jornal "DESTAK", da passada quinta-feira, dia 10 de Abril de 2008, escrito por Isabel Stilwell
Li e considerei um dos textos mais verdadeiros e realistas que li nos últimos tempos. Infelizmente...
Reproduzo-o aqui, para reflexão sobre o nosso sistema de justiça.
"Há dias em que tomamos consciência da inconsistência de muitas das coisas que nos rodeiam, e de como o mundo vai girando, aparentemente indiferente a essa incoerência. E nós com ele. Ontem, o tribunal condenou Maria das Dores, a mulher que contratou um homem para matar o marido, a 23 anos de prisão. A senhora não esteve presente na leitura da sentença porque, segundo constou, estava a recuperar de uma tentativa de suicídio, embora uma reportagem da revista SÁBADO sobre a sua vida na prisão, e de que o Destak publica um extracto por antecipação, Maria das Dores pareça sofrer de um distúrbio mental grave.
Ou de maldade pura, como se diria há alguns anos, antes de procurarmos explicações psicológicas para estes «fenómenos».
Matar o marido é um crime grave, mas a notícia trouxe-me à memória, num flash assustador, a sentença do pai da «criança de Viseu», que aos 2 meses deu entrada em coma no hospital, vítima dos seus maltratos.
O pai, diz o acórdão, e desculpem a crueza, mas às vezes precisamos de ser confrontados com uma realidade que preferíamos acreditar não existir, «introduziu no ânus do bebé objectos que causaram traumatismos e fissuras profundas», e estamos a falar de 55 pontos necessários para as suturar, num corpo que não media mais de 70 cm. Ficou também provado que lhe batia com uma ripa de madeira envolta em panos para não deixar marcas.
O juiz concluiu que a criança teve dores horríveis e reiteradas, já que as sessões de tortura foram muitas, e confirma que o bebé só não faleceu «devido aos cuidados médicos que lhe foram prestados», mas que sofrerá de sequelas irreversíveis.
Apesar disso, o pai, que para todos os efeitos a matou, foi condenado a 10 anos, porque a lei que rege os crimes de abuso sexual não permite mais.
E como se esta ligeireza não fosse chocante, soma-se-lhe o facto de que, tanto quanto conseguimos apurar, ainda não lhe ter sido definitivamente retirado o poder paternal. Vivemos, de facto, num país onde o direito dos menores é menor."
5 comentários:
É revoltante!!
Tão revoltante que me deixa o estômago todo embrulhado.
Não admira que algumas pessoas pensem em fazer justiça por conta própria. Não partilho da mesma opinião mas muito sinceramente não sei que opinião teria se alguém magoasse o meu filho e a Justiça não actuasse devidamente.
Espero nunca ter de ter uma opinião esclarecida sobre esse assunto.
Beijinhos
Amiga, tenho andado com pouco tempo para visitar este espaço que adoro! sorry... espero que estejas bem!! boa semana!!! fica bem!!! Beijocas grds
Viva! Apesar de concordar que a pena máxima em certos crimes contra menores com graus de violência elevada poderia ser superior, discordo com o título do artigo pois a criança não morreu e por isso a pena foi menor e não superior ao do assassinato. Apesar dos horrores feitos à criança, o homicídio é o crime com penas mais elevadas pois irreversivelmente efectua a maior violência que se poderia fazer, rouba o futuro da vítima. Carolina
Olá Carolina. Antes de mais, obrigado pelo comentário.
O título não foi escolha minha, é o título que a autora do texto escolheu (neste caso apenas transcrevi um texto de Isabel Stilwell).
É bem verdade que num caso houve a morte da vítima, e no outro não, mas não terão os actos violentos sobre aquela criança morto algo em si? Por vezes, as atrocidades cometidas são tais, que penso que a morte é um mal menor!
Mas é claro que a lei se tem de basear em factos, na objectividade dos actos e não na sua subjectividade, sentimentos ou suposições.
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