Título: A Mordaça Inglesa - A História de um Livro Proibido
Autor: Gonçalo Amaral
Editora: Planeta
Edição: 1.ª Edição - Dezembro de 2009
Páginas: 106
Sinopse:
"Escrevi o livro Maddie - A Verdade da Mentira de forma responsável, fundamentado em factos, onde deixei expressa uma opinião técnica partilhada por quem trabalhou comigo na investigação do chamado Caso Maddie, constituindo uma resposta a difamações e um contributo para a descoberta da verdade material, no exercício da liberdade de expressão conquistada com o 25 de Abril de 1974. Catirze meses depois, uma providência cautelar apresentada pelo casal McCann visa a proibição de tal livro, manifestando o interesse em calar as vozes contrárias à tese do rapto.
Este livro surge da minha indignação perante o peso da censura a estilhaçar os direitos fundamentais do ser humano. Não desejo o papel de vítima mas recuso-me a ser submisso. E não posso silenciar ou deixar cair no esquecimento valores universais que conferem ao homem a sua verdadeira dimensão. E é por isso que a minha indignação não deve ser solitária. A luta contra a censura é urgente e nasce da vontade de todos.
Mais do que um protesto de um homem amordaçado, pretendo, sobretudo, defender a liberdade de expressão como o direito de formular livre e responsavelmente pareceres, conceitos e convicções. A história de um livro proibido precisa de ser contada. Em nome da liberdade e da responsabilidade."
Opinião:
Comecei a ler este livro ontem de manhã e acabei hoje de manhã.
Não é um romance, nem o relato de uma investigação, muito menos é um policial. É sim, um grito de indignação de alguém que se sente injustiçado, amordaçado, privado da sua liberdade sem estar preso, porque pior que a prisão física é a prisão que restringe, ou pretende restrigir a liberdade de pensamento e de expressão.
O livro de Gonçalo Amaral, "Maddie - A Verdade da Mentira" foi proibido e consequentemente retirado de venda, na sequência de uma providência cautelar aceite por um Tribunal português. Logo na altura divulguei aqui a notícia e manifestei a minha indignação.
Neste novo livro, Gonçalo Amaral manifesta o seu sentimento de injustiça e sente-se, ao longo das páginas, a sua profunda desilusão com os princípios que defendeu e com a instituição que representou em quase três décadas. É triste, mas é bem verdade.
O me indigna profundamente é o facto de este nosso país, pequenino, se fazer ainda mais pequenino quando o olham de cima, sobranceiramente, vergando-se a interesses e poderes mesquinhos, subjugando valores tão essenciais como a liberdade de expressão ou descredibilizando instituições de reconhecido valor. Mas a verdade é que um país e as suas instiuições são feitos de Homens e reflectem os valores desses Homens, algumas vezes feliz outras vezes infelizmente.
Não me consigo capacitar que em pleno século XXI, três décadas e cinco anos após uma democracia instalada, se tenha assistido à proibição de um livro. Faz relembrar outros tempos, dos quais não me recordo, mas sobre os quais li e ouvi muito. Faz-me sentir profundamente triste que o nosso país trate assim os seus Homens, a sua Educação, a sua Cultura, a sua Liberdade.
Não conheço Gonçalo Amaral e nem aqui está em causa o facto de concordar com a sua tese defendida no seu livro proibido. O que está em causa é o princípio da liberdade de expressão que foi profundamente ferido. Se os direitos de personalidade do casal McCann foram ofendidos, então e o direito de personalidade de Gonçalo Amaral quando este foi acusado de alcoólatra e cabecilha de redes de pedofilia? É que nessa altura ninguém da justiça portuguesa se indignou ou movimentou instrumentos jurídicos. O casal McCann merece solidariedade por ter perdido a sua filha? Claro que sim. Mas alguém se lembra ou lembrou alguma vez as filhas de Gonçalo Amaral, uma delas bem pequena, a quem todas as acusações proferidas contra o pai em praça pública afectam como a qualquer outra criança?
O que me indigna é a forma como todo este processo foi conduzido e a censura renascida. Se a tese defendida por Gonçalo Amaral está correcta ou se é um completo absurdo, é algo que a justiça portuguesa deveria ter permitido ser provado. Mas é mais fácil censurar!
Já todos perceberam que acredito e defendo a mesma tese que Gonçalo Amaral, mas mesmo que não acreditasse nem um pouquinho que fosse, a minha conclusão seria a mesma, aqui resumida em sábias palavras de Voltaire:
"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo."
"Acontece com os livros o mesmo que com os homens, um pequeno grupo, desempenha um grande papel."
"A perfeição da própria conduta consiste em manter cada um a sua dignidade sem prejudicar a liberdade alheia."
Prós:
As reflexões sobre a liberdade que me fizeram relembrar as aulas de Filosofia.
Contras:
Por vezes a linguagem utilizada é demasiado jurídica. Nota-se bem a formação académica do autor.
Sem comentários:
Enviar um comentário