" Há um irlandês casado e cansado com uma irlandesa que, há uns tempos, descansa seu cansaço em Portugal. Há uma portuguesa descasada e cansada, e que acaba por descansar em paz. Há a tal irlandesa casada com o irlandês cansado, cuja vida é uma canseira, lá para as bandas de Cork City, na Irlanda. Há um filho do irlandês e da irlandesa precocemente cansado pelo cansaço dos seus progenitores... E há também um detective da PJ cansado mas que não descansa enquanto se não cansa do cansaço do ofício.
E, para descanso deste policial de cerrados dentes e serrados canos, há negros que se vêem gregos, um homossexual todo inteiro e um homossexual dividido, uma esposa distraída, um empreiteiro empreitado, um compoanheiro engraçado, uma velha bairr'altina, monos, pintas e geninhos, uma jovem operadora de sistemas, de pernas esguias e bronzeadas e a filha da morta mortinha por... gritar p'la mamã.
Tudo isto à queima-roupa ou seja, à flor da pele, porque, caro leitor, tu - ó mistério dos mistérios! - és o último reduto da dignidade humana."
Este é o segundo livro que leio de Rui Araújo (repórter de investigação, português) e é o segundo bom momento que passo na companhia das letras deste autor.
A história é simples e depretensiosa, e é por isso que prende o leitor. Porque se passa em Portugal, em terras que conhecemos (Lisboa, Rio de Mouro,... ), com protagonistas que falam a mesma língua que nós, leitores.
Este livro é mais uma história, (das muitas reais histórias) da nossa Polícia Judiciária. Neves, Chancela, Casqueiro e Antero têm em mãos um crime por resolver - uma portuguesa morta à queima-roupa, na sua própria casa. O marido, afredido na cabeça, descreve os homicídas com grande lucidez... Huummmm.... e aqui começa o mistério e as peças deste puzzle que não encaixam. Pelo caminho resolvem o caso do tronco humano que aparece lá para os lados da Praça do Chile e ao qual tentaram pegar fogo. Fica também uma viagem à Irlanda e o valente susto que pregam ao Fafá Preto!
Histórias contadas em português, de um quotidiano real, onde reside "o último reduto da dignidade humana".
4 comentários:
Mas, esse Queima Roupa, não redunda numa canseira?!
Olá Teresa,
não, resulta é num policial muito engraçado, passado nos corredores da nossa PJ e nas ruas das nossas cidades. Com um toque cómico e irónico, resulta num bom momento de leitura.
E pronto, estou convencida! Será a minha próxima aquisição?
Abraço.
Aliás, vai ser a minha próxima aquisição!...
Um ponto de interrogação "atrevido" que surgiu indevidamente...
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