É de uma fina ironia. No dia em que se celebram 35 anos sobre a queda do Estado Novo, o Expresso publica na página 25 a notícia: a obra “A Casa dos Budas Ditosos”, de João Ubaldo Ribeiro, Prémio Camões, é censurada pela cadeia de hipermercados Auchan. Motivo? O responsável de compras (fixem o nome: Fernando Fernandes) considerou-a 'pornográfica'. Reforce-se que este tipo de tratamento (classificação absurda e censura) tinha sido já tomada pelo grupo francês há dez anos atrás.
Contactado pelo Expresso, Fernando Fernandes adiantou que era «uma falta de chá» questioná-lo sobre esta matéria, mas horas depois a agência de comunicação do grupo avançava que «o Grupo Auchan nas suas insígnias Jumbo e Pão de Açucar não vende produtos de foro pornográfico (como sejam DVD, revistas, livros, etc.). O referido livro, em virtude da sua linguagem, enquadra-se neste conjunto de artigos. Daí não o comercializarmos». Brilhante.
Sendo este o momento Monty Python do dia, há que olhar para o lado positivo da situação, e perceber que a decisão de um analfabeto terá efeitos imediatos: vender-se-ão mais livros de Ubaldo Riberiro. O que não deixa de ser irónico.
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