quinta-feira, 9 de abril de 2009

"A Dançarina do Templo" - John Speed

Sinopse:

"Há muito que a família Dasana convive com a tragédia, mas nada os preparara para a ameaça de ruína que paira sobre eles, agora que os Holandeses monopolizam o comércio de especiarias em Goa. A única esperança reside numa aliança com o grão-vizir de Bijapur, que lhes proporcionaria a segurança e a prosperidade que Goa Já não lhes pode oferecer. A jovem Lucinda Dasana parte então para Bijapur com o primo, Geraldo. Com eles viajam Maya, uma bailadeira de nache, e Slipper, um eunuco perverso, cujos destinos se cruzam para desvendar um segredo antigo...

Pautada por perigos inesperados e descobertas fantásticas, a viagem resulta num encontro entre culturas, religiões e vivências, e acabará por conduzir cada personagem ao seu destino"


As Devadasis (dançarinas do templo) são uma tradição muito antiga que praticamente desapareceu da Índia actual. Eram mulheres oferecidas aos templos e ritualmente casadas com a divindade a qual serviam. Era uma pratica comum aos templos, principalmente aos mais opulentos, mas com o declínio dos reinos hindus esta prática também declinou e as devadasi, mulheres reconhecidas e de estatuto social elevado, passaram a ser tratadas como prostitutas.

As devadasis eram no seu início, crianças entregues ao templo, treinadas em danças clássicas, sânscrito, poesia, pintura e rituais. Eram reconhecidas pela sua sofisticação e refinamento e tinham elevado estatuto na sociedade. Como eram casadas com a divindade eram mulheres “sempre auspiciosas” pois nunca ficariam viúvas. As devadasis da antiguidade e do período medieval eram brahmacharinis (virgens) que dedicavam as suas vidas o serviço do templo e de Deus. Quanto mais rico o templo maior era o numero de devadasis que ele sustentava. Com as invasões muçulmanas esta prática entrou em declínio e o papel da mulher (por influencia islâmica) foi mudando com a consequente perda de liberdade e parte do seu prestigio.

A história deste livro gira em torno de uma bailarina do templo, Maya, que partilha a sua viagem com outra mulher, a portuguesa Lucinda Dasana, herdeira de uma fortuna, cobiçada pelos familiares vivos.

Lucinda parte de Goa com o seu primo Geraldo com destino a Bijapur. Partilham a sua viagem com Da Gama, soldado português, Slipper, um eunuco , e Maya, a bailarina do templo.
Entre Goa e Bijapur todos serão confrontados com vários perigos, com os seus fantasmas e medos, com os seus sonhos e pesadelos. Todos serão levados a revelar o seu verdadeiro Eu, o seu lado obscuro, as suas vivências esquecidas.

Lucinda e Maya estabelecem uma cumplicidade muitas vezes marcada pelos silêncios entre ambas, mas que leva Lucinda a crescer e Maya a não desistir de si mesma.

Indianos, portugueses, eunucos, bailarinas de nache, cristãos, hindus, muçulmanos, bandidos, gurus, negociadores e eunucos, todos se cruzam numa viagem, que mais que uma viagem física entre duas cidades, é uma viagem carregada de significados e simbolismo para cada uma deles. É uma viagem em que cada um irá descobrir o seu lugar. Pelo caminho, assistimos a assassínios, fugas, esquemas de sobrevivêcia e vinganças.

Ao longo de toda a história sente-se a tensão entre as personagens, quer seja pelo ódio, pela vingança, pela mentira ou pelo desejo.
Um livro diferente, interessante e que nos mostra o retrato de uma Índia desconhecida.

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