sábado, 10 de julho de 2010

"Mataram o Sidónio!" - Francisco Moita Flores

Título: "Mataram o Sidónio!"
Autor: Francisco Moita Flores
Editora: Casa das Letras
Edição: Maio de 2010 (1.ª Edição)
Páginas: 295


Sinopse:

"A Polícia confundira todos aqueles que odiavam Sidónio e a sua política cesarista com assassinos em potência. A Maçonaria queria vê-lo destruído, a Carbonária talvez o quisesse desfeito em migalhas, os católicos queriam mais do que o espavento das missas em que o Presidente participava, os integralistas exigiam uma política de ruptura, os democratas odiavam-no e por aí fora. E neste quadro de ódios, os resultados a que chegara apontavam para um miúdo de 22 anos, fascinado pelo turbilhão das sucessivas rebeliões sindicais, vaidoso da arma que mostrara a Ana Rosa, que num momento fortuito da sua vida, conseguira estar próximo do objecto de todos os ódios e disparar fortuitamente. E Asdrúbal vivia com essa angústia dilacerante. Nem a arma fora recuperada, nem o rapaz, abatido como um cão, poderia ser interrogado."



Opinião:

Este foi o primeiro livro de Moita Flores que li, e fiquei com vontade de ler mais. Gosto de ler sobre a nossa história para além dos Descobrimentos (a única época a que se dá ênfase na nossa história, com outros tantos episódios e épocas riquíssimos que são tantas vezes esquecidos , ou ocultados) e este livro fala-nos de um passado recente, tão importante para nos encontrar-mos no presente que vivemos - uma República que é ainda jovem e que já tem tantos episódios marcantes.

Gostei da escrita, simples mas bem elaborada, que cativa o leitor logo nas primeiras linhas.

E adorei ler sobre personagens tão reais e importantes como são Júlio de Matos, Miguel Bombarda, Asdrúbal d'Aguiar, e outros tantos.

Enquanto Lisboa é devastada pela pneumónica, Sidónio Pais é assassinado. A sua morte é envolta em contradições que não escapam a Asdrúbal d'Aguiar, proeminente médico legista da nossa história. E quando é ordenada a autópsia do Presidente, Asdrúbal confirma as suas suspeitas. Mas uma dúvida permanece: quem matou Sidónio Pais?

Na busca pela verdade sobre a morte do Presidente da República, Moita Flores vai dando ao leitor uma visão fascinante e real de como era a medicina legal em Portugal no início do século.

Mais do que um bom romance, um documento histórico!

Como curiosidade: Francisco Moita Flores foi meu professor na pós-graduação em Ciências Criminais, e ao ler este livro, conseguia ouvir a sua voz nasalada, e o seu entusiasmo, a contar todas estas "histórias" da História de Portugal, da História da Medicina Legal e das Ciências Criminais.


Prós: O conhecimento histórico transmitido ao leitor, da época e de como a medicina legal era e evoluiu. As personagens, reais, tal como os acontecimentos, fazem com que o leitor leia um documento histórico, através de um romance.

Contras: Não tem.

Sem comentários:

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