Mas a verdade é que gosto mesmo dos filmes de Manoel de Oliveira. São filmes profundos, com diálogos fantásticos, que contêm sempre uma reflexão social, moral, religiosa.
Os filmes de Manoel de Oliveira são, normalmente, caracterizados como "parados", devido à "lentidão" com que se desenrrola a acção e aos movimentos subtis da câmara, fazendo grandes planos de objectos ou cenários. Para mim, os filmes de Manoel de Oliveira são plenos de acção, não de uma acção visual, mas de uma acção emotiva, reflexiva, onde as palavras e os conteúdos assumem o papel principal, deixando os actos em segundo lugar. O seu cinema é um cinema que comunica pelas palavras e pela imagem, não pela acção. Para entender e gostar de Manoel de Oliveira é preciso penetrar fundo nos diálogos, na história, geralmente adaptada de textos literários. Manoel de Oliveira, cria nos seus filmes, personagens , que representam, acima de tudo, conceitos, ideias, ideais, personagens irreais em cenários reais.
Sempre fui ver os seus filmes sózinha, mas é assim que me fazem sentido, em especial se forem vistos no Quarteto ou no King. São momentos únicos, momentos meus, que eu adoro.
Manoel de Oliveira tem hoje 98 anos e é um dos portugueses que eu gostaria de conhecer.
Aqui fica a sua biografia:
Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu a 12 de Dezembro de 1908, no Porto, no seio de uma família burguesa (o seu pai foi o primeiro fabricante de lâmpadas português). Desde muito cedo acompanhava o pai ao cinema, o que lhe despertou o interesse pela sétima arte. Estudou no Porto, no Colégio Universal, e na Galiza, no Colégio Jesuíta de La Guardia.
Aos 20 anos, inscreveu-se na Escola de Actores de Cinema, participando como figurante num filma de Rino Lupo, em 1928 - "Fátima Milagrosa".
A 21 de Setembro de 1931 estreou no Congresso Internacional da Crítica a versão muda de "Douro, Fauna Fluvial". Em 1933, é mais uma vez actor, no filme "Canção de Lisboa" e em 1934 estreou a versão sonora de "Douro, Fauna Fluvial".
Manoel de Oliveira destaca-se, entretanto, no automobilismo, chegando mesmo a vencer a "II Rampa do Gradil", em 1938. Casa-se com Maria Isabel Brandão Carvalhais, em 1940.
A sua primeira longa-metragem "Aniki-Bóbó" é realizada em 1942. Na década de 50, por falta de apoios financeiros não realiza alguns filmes que já existiam no papel, tendo-se dedicado então, à produção agrícola da família, na região do Douro. Em 1955 realizou um estágio intensivo na Alemanha, nos laboratórios da AGFA, com o objectivo de estudar a cor aplicada ao cinema. A década de 60 é a década da consagração internacional - Homenagem no Festival de Locarno, Itália, em 1964 e passagem da sua obra na Cinemateca de Henri Langlois, Paris, em 1965.
Em 1980 recebeu a Medalha de Ouro pela sua obra, atribuída pelo CIDALC, e em 1985 o seu filme "Le Soulier de Satin" é galardoado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Em 1988 apresentou, no Festival de Cannes, o folme "Os Canibais" e em 1990 "Non ou a Vã Glória de Mandar" foi exibido extra concurso, com uma menção especial do júri oficial. São várias as homenagens que tem recebido - Veneza (1991), La Carmo (1992), Tóquio (1993), São Francisco e Roma (1994), entre outros. A Sociedade Portuguesa de Autores atribuiu-lhe, em 1995, o Prémio Carreira e em 1997, a SIC e a revista CARAS atribuiram-lhe o Prémio de Melhor Realizador.
Num próximo post colocarei a filmografia completa de Manoel de Oliveira, com uma breve sinopse de cada um dos filmes.
1 comentário:
muito bom post, aqui no Brasil não conhecemos muito sobre ele. obrigada pelas informações!
Ja votou no encanto?
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pede aos amigos pra votarem!!
beijos elisabete cunha
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